domingo, 28 de junho de 2009

Eu e a pró-atividade.

  Hoje eu não quero falar de política. Não quero falar de Oriente Médio e nem de consumismo. Hoje, o tema que está me intrigando é a pró-atividade. Não sei dizer se é ignorância, se é burrice ou falta de leitura, mas até alguns meses atrás eu não sabia o que significava pró-atividade. Pra ser sincera, nem sabia que essa palavra existia. Ela entrou no meu vocabulário num belo dia em que fui fazer uma entrevista de emprego.
  “Mudamos a filosofia da nossa instituição e agora nossa postura é defensiva e pró-ativa”, disse o meu futuro chefe. Eu só balancei a cabeça como quem entendeu e concordou - típico de pseudo-intelectuais como eu - e guardei aquilo no meu inconsciente. Pró-atividade ainda não significava nada para mim, nem era uma preocupação na minha mente. Comecei a trabalhar e toda reunião ouvia meus chefes falando que tínhamos que agir assim-ou-assado e seguir a postura pró-ativa, que tanto apregoamos. Comecei a me preocupar. Será que eu sou a única que não sabe o que é ser pró-ativa?
  Porém, o começo da crise existencial propriamente dita foi quando meu chefe me elogiou. Ele disse que eu era muito eficiente e pró-ativa. Minha pró-atividade foi tão apreciada pela chefia que ganhei um aumento. Mas por quê? POR QUÊ? O que eu fiz? O que eu fiz pra merecer o título de “funcionária pró-ativa”?
  A crise bateu forte. Eu fazia piadas com o tema, meus amigos riam. Mas por dentro eu estava atormentada. Certo dia recebi um e-mail de uma amiga, enviado para um grupos de discussão. Ela tem 18 anos e não é uma executiva. É uma menina delicadinha de voz fina e boa índole. E ela disse a todos que naquela situação estava nos faltando atitude, pró-atividade e vontade. Nesse ponto foi o colapso. Meus amigos já aderiram à pró-atividade e eu não sei o que é.
  Aí pensei: se a pró-atividade está assim na boca do povo, deve estar no Google. Deve ser um verbete da Wikipédia. E fui na minha barrinha do Google e escrevi. Escrevi a palavra. E apareceram aproximadamente 2.030.000 resultados em 0,42 segundo. Estava fácil. Eu fiquei a um click da tão almejada resposta. De repente me bateu um nervosismo. Tive medo do que poderia ler. E se eu descubro que ser pró-ativa é contra os meus princípios? E se eu vendi minha alma ao diabo quando me tornei uma funcionaria pró-ativa.?Tive medo. Não clickei. Preferi não saber. Prefiro seguir fazendo meu trabalho na mais cega pró-atividade. Pelo menos estou em paz. Ou não.