domingo, 6 de outubro de 2013

O que há de bom.

  Bom é deixar as rodas em casa e sair para andar sobre os próprios pés. Bom é flutuar sozinho.  Bom é, contra o vento ou a favor, poder fechar os olhos. Bom é o encontro. Boa é a surpresa de descobrir o outro. Bom é conhecer a fundo, bom é conhecer de passagem. Bom é tocar. Bom é ser tocado. Bom é se jogar com tudo, num corpo a corpo com a materialidade do mundo. Boa é a materialidade do outro, sentida de leve ou de pesado. Bom é, do alto de nossa completude, encontrar no outro aquilo que não temos.

  Boa é a troca. Bom é poder olhar. Bom é sentir seus olhos como duas câmeras para quem o mundo está posando. Bom é olhar pra tudo, bom é olhar pro nada. Bom é olhar pra dentro, bom é olhar pra fora. Bom é o olhar de uma criança. Bom é o olhar de quem já viveu muito e te diz “essa juventude”. Boa é a intimidade – a maior de todas? - de olhar nos olhos.

  Bom é estar aqui, naquele lugar que é exatamente-aonde-eu-gostaria-de-estar-aonde-quer-que-esteja. Bom é estar vivendo. Não apenas vivo, vivendo. Bom é colocar seu coração nisso tudo. Bom é conectar sua energia vital. Bom é se esticar, ficar na ponta dos pés. Para não machucar. Para enxergar do outro lado do muro.

  Bom é estar com os dois pés no chão. Bom é rodopiar. Bom é se sentir seguro. Bom é sentir vertigem. Bom é se ver em queda livre, sem medo. Bom é entrar nessa montanha russa e soltar as mãos. Bom é dar as mãos. Para o outro, para a vida, para si mesmo.

  Bom é se dar a liberdade de enxergar o que há de bom.


  Bom, mesmo, é ter um lindo dia de sol pra se agarrar com unhas e dentes. 

Nenhum comentário: