segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Férias

  "Ai, ai... Quero férias!", dizia Marina Feldman, sempre que faltava assunto. Sempre que parava de falar naquele ritmo incessante a que está acostumada, soltava um suspiro e falava a mesma coisa. Parecia que, chegando às ferias, chegaria a paz. Passaram-se semanas, meses. Primeiro a faculdade deu folga. Depois foram as aulas de ingles. Logo em seguida as de Hebraico. Depois ferias eternas do seu antigo emprego. E, por fim, o ultimo dos cinco empregos à libertou. Férias, em tempo integral. Alegira garantida, tempo pra espreguiçar, meditar, dançar e dormir. 

  Então, por que esse vazio?

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Pequenos prazeres da vida em família

1) Roubar comida do prato dos irmãos
Ao fim da refeição, já com o estômago cheio e próximo do fim, é um prazer inenarrável colocar o garfo em posição ataque e roubar o pedaço remanescente de bife, lasanha ou bolo de chocolate do prato do seu irmão. A fome não entra em questão. O ponto chave é a aventura.
2) Disputar a atenção da genitora
Usando o clássico "Mãe, você não está me olhando", o ponto indispensável de qualquer feriado em família é a disputa do amor materno. Mesmo após horas de atenção ininterrupta, é essencial brigar com seu irmão pela atenção. Nesse tipo de situação, é cabível dar cambalhotas, dançar ou mesmo chorar.
3) Provocar o patriarca
Considerando-se a previsibilidade do senhor nosso pai, uma das coisas mais fáceis e prazerosas inventadas é provocá-lo. Basta uma frase ou uma pequena atitude. Em grupo a comoção é ainda maior.
4) Botar a mão na comida
A matriarca é uma grande apreciadora da ordem familiar. Seu desagrado é imediato quando colocamos nossas mãos na salada ou na torta para roubar um pedaço. Seu desagrado é diversão garantida.
5) Envergonhar o primogénito
O primogénito é um homem de classe, cheio de pose. Atitudes estranhas em público envergonham sua bela índole. Família Feldman é rainha em criar situações embaraçosas.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Twitter

Entrei pro crube!
É que um poeta que conheci me fez descobrir que não serve só pra dizer "Bom Diiiia, hoje acordei de bom humo-or", então resolvi fuçar e é bacana mesmo.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Dream Job

Tenho tido um pesadelo recorrente. Não sei quão recorrente ele é, poís já faz um tempo que perdi a noção de sonho e realidade. Aos 16 anos sofri um trauma e a partir de lá passei a achar que a realidade é sonho e o sonho é realidade. Fazer o quê...
Mas a questão é que sonhei com isso, ou penso que sonhei, ao menos duas vezes. No sonho estou trabalhando. Meu local de trabalho é uma fábrica enorme, escura e gosmenta, digna do melhor filme de terror. Quer dizer, ao menos na aparência meu local de trabalho é esse, poís durante o sonho tenho plena consciencia de que estou no meu local de trabalho da vida real.
Nesse sonho, saio da minha área de trabalho, dentro da fábrica, e vou resolver um assunto com uma senhora, cujo nome não posso revelar, que vive em uma casinha ao lado da fábrica.
Bato na porta. Ela demora a atender. Está bem velinha, caminha com o auxilio de uma bengala.
-Olá, Dona. ...
-Oh, Marina, como você cresceu! Como estão os pais? Entre, entre!
Ela me recebe bem, é uma pessoa doce. Mas algo na casa dela me dá medo. Ela vive sozinha, mas a casa é enorme. Na verdade já estive naquela casa, uma vez, para um atendimento médico, quando estava doente e fui atendida no fim de semana na casa da minha médica. A senhora é a mãe da Dra., mas a Dra. não vive mais com ela.
Enfim, começo a tratar do assundo com a Dona., e começamos a nos acertar. Em paralelo o Sr. e a Sra., tramam contra mim dentro da fábrica. Ligam para o meu chefe e o avisam que eu estou armando uma trapaça com a Dona., que no auge dos seus 80 anos que derrubá-lo.
Recebo então, no meio de minhja conversa com Dona. uma ligação de meu chefe. Ele é uma pessoa calma, mas nesse dia está nervoso. Começo então a visualizar toda a armação do Sr. e da Sra.. Então enão é que eles simplesmente me olhassem torto, questionassem meus horarios de entrada e saída e o que eu mando para impressão. Além de tudo, eles tramam contra mim.
Ele são muito mais forte, é meu fim...
E agora?
E...
Acordei.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Welcome to Witmarsum

  Senhores passageiros da Viação Catarinense, com destino a São Caetano, São Vicente, Santos e São Bernardo do Campo, última chamada para embarque. 
  A voz abafada anunciou no alto-falante pala selar meu desespero. Deus pai, o que fazer? O ônibus vai estar no Graal quando chegar minha vez de retirar a passagem. 

  "Moço, posso passar na tua frente? Meu ônibus está saindo pra Santos...". Era a menina loira ao meu lado. Loira e mais esperta do que eu, porque  o homem careca a frente concordou. Com cara de desgosto, tanta gente havia passado na sua frente. Tive pena de incomodar mais uma vez o careca de bom coração. Esperei mais alguns minutos. Quando o desespero foi finalmente carimbado pelo silêncio dos alto-falantes, voltei meu sorriso mais simpático para uma outra vítima.
  "Moça, posso passar na tua frente? É que.. É que meu ônibus está saindo já. Mas, é... Desculpa e... Eu..."
  A moça riu da minha falta de jeito com a vida e disse que ainda tinha tempo. Eu pulei na frente do guichê e disse meu nome para a atendente. Ela imprimiu minha passagem com uma carranca milenar, enquanto eu batia a ponta do pé no chão e comia minha cuticula.
  Passagem nas mãos, lancei um três muito-obrigada-multi-direcionados e corri para a plataforma A4.  Passagem na mão do motorista, entrei ofegante no ônibus. Atordoada. Qual é meu nome mesmo? De onde venho? Para onde estou indo? Qual é a minha poltrona? Quatro,  poltrona quatro. 

  Ufa. Agora é relaxar e... Qual não é minha surpresa quando vejo que na poltrona  quatro está sentada uma senhora de cabelos brancos, um tanto rechonchuda e com um sorriso congelado no rosto.
  "Poltrona trreis?", pergunta, inflando ainda mais o sorriso. 
  Expliquei sem jeito que a minha poltrona era a quatro, aonde ela estava acomodada.
  "Non, non. Meu lugar é o da chanela mesmo, mas to esperrrando pra fala co motorista pra abrí a curchina, purque eu precissso ver o caminho e..."
  Respondi que tudo bem e fiquei plantada com minha mochila enorme no começo do corredor. Retomando o fôlego. Não por muito tempo, logo começaram as contorções, primeiro para deixar entrar um passageiro mais atrasado que eu e depois para deixar a senhora sair para falar com o motorista. Alguns malabarismos depois, sentei na minha poltrona quatro, me encolhi para deixar a senhora entrar de novo e respirei aliviada. Enfim a paz, pensei. Ledo engano.
  "O motorista disse que non pode abrrri a curchina."
  Perguntei por que.
  "Purrque atrapaia a visibilidade."
  Sugeri que pedisse para trocar com o rapaz do outro lado do corredor, que estava em uma área aonde cortinas abertas eram aceitas. 
  "Mas então pedimo pros dois trocar com nois, aí sentamos daquele lado."
  Minha alma curitibana não permitiu compreender a sugestão. Ela explicou. 
  "É. Aí, troca vucê com aquele moço e eu com esse."
  Entendi que queria sentar comigo, já estava apegada. Falava como se fosse minha velha conhecida, quiças minha avó.
  "E sentamo chunta!"
  Meu espírito curitibano congelou de medo, mas um sopro divino ou a simples incapacidade de contrariá-la me fez agir. Virei para os dois rapazes das poltronas um e dois, pedi licença e, antes que terminasse de explicar a situação da senhora, ele concordaram como quem quer evitar desgaste. 
  Com mais um malabarismo trocamos de lugar e sentamos na frente da cortina aberta. 

  Fim da odisséia. Me acomodei, peguei meu mp4 e me pus a assistir algum desenho animado psicodélico. Já estava a ponto de dançar com a trilha sonora quando reparo nos olhos arregalados da senhora.
  "Isso aí é televison?"
 Expliquei que era algo similar. Você colocava um filme dentro e podia assistir. Ela acenou e fez que entendeu. Voltei para meu belo filme até que noto que ela ainda está falando comigo. Tiro o fone.
  "Dá pra ver a nuvela?"
  Tentei explicar que não era bem uma televisão, mas ela logo interpretou que já havia passado o horário da novela e perguntou pelo globo repórter. Respirei fundo e falei que o apetrecho servia apenas para assistir filmes. 
  "Ah... Eu non vecho filme!"
  Perguntei por que. 
  "Pur caussa dos nerrrvo!"
  Os nervos. 
  "Hochi messmo, fui fiacha, deixei u marido sussinho, tife que adchianta trabaio e os nervo ficaro um horrror."
  Não entendi se entendi. Voltei ao filme. Quando o filme acabou, a senhora era a única pessoa acordada. E ela queria atenção.
  "Vucê sabi quanta hora é até Sun Bernarrrdo du Campo?"
  Eu não tinha ideia. Ela contou que já havia viajado pra lá, mas trinta anos antes. A estrada não tinha nem asfalto. E as divagações sobre o passado foram muitas. Por várias horas. Passou por vários lugares, reais ou fantasiosos, até que chegou a seu porto de origem. 
  "...purque lá na minha cidade tem um ponto de onibus na porta di casa!"
  Perguntei de onde vinha. 
  "Colônia de Witmarsum." 
  Então aquele sotaque era alemão! Abri um sorriso e expressei minha surpresa. 
  "Vuce cunhece?"
  Expliquei que só de nome e lenda. Ela fez questão de me fazer uma pintura de cada detalhe da pequena colônia. Contou que vivia com o marido, pois a filha havia se mudado para Alemanha. Com ele já não viajava mais. O sujeito, além de doente, tinha passado por uma acidente de transito. Alguma espécie de trauma.
  "Essas pessoa que non sabe dirrrichi e fais coissa errrada..."
  Mas, contou entusiasmada, ela já havia viajado sozinha para visitar a prole.
  "Viachei sussinha, mas foi tuto bem, tuto bem. Sussinha..."  
  Nessa altura já havia me dado conta que era uma daquelas pessoas que não precisam de resposta, feedback ou retorno. Basta para elas serem ouvidas. Ela falava, eu respondia monossílabos e ela estava satisfeita. Era, verdadeiramente, um ser encantador. Mas depois de seis horas eu não aguentava mais ser encantada, só queria mesmo dormir. Me concedeu dormir meia hora.
  "Moça, moça, acorda, chego im Santos!"
  Acordei sobressaltada, olhei pro lado e era a rodoviária de Itanhaem. Expliquei pra ela e dormi de novo. Isso se repetiu em outras 3 rodoviárias, até que vi que era mesmo a rodoviária de Santos. Me despedi da minha velha conhecida e lhe desejei boa viagem. Me senti aliviada, meu espirito meio-curitibano não pode suportar tanta conversa, preciso do meu espaço.

  Agora, se passaram algumas semanas. Estou em casa, em paz. Com meu silêncio. Cá estou com meu tão caro espaço. Tudo demarcado, privativo. E fico pensando, por onde será que anda minha amiga? Será que quer conversar? Quiças posso visitá-la em Witmarsum.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Vendem-se sonhos em conserva

No último feriado, a caminho da praia, parei em um supermercado de uma cidadezinha litorânea. Fui ao setor de carnes e pedi carne picadinha, para strogonoff. Qual não foi minha surpresa quando vi que o rapaz estava picando, na hora, com sua faquinha, meu um quilo de carne. Pensei em dizer que não precisava, mas ele estava a todo vapor. Em cerca de 20 minutos recebi minha carne picada. Após cerca de 24 horas, preparei um yakissoba. Cerca de 50 segundos depois de pronto o yakissoba, devorei-o juntamente com outros 4 gulosos. O tempero estava bom, mas a carne me veio com sabor de revelação. Seguia me lembrando da descoberta que fizera a 24 horas, 20 minutos e 50 segundos. "Carne picada não nasce picada", pensava eu.

Alguns dias depois, no supermercado, iniciei um estudo antropológico que se intitula "A supremacia da lata". A lata, em si, não é o elemento chave. Não podemos, entretanto, negar, que a lata é peculiar. Não posso negar que feijoada em lata é no minimo algo sociologicamente significativo. A historiografia não podia prever isso, mas aconteceu. O mundo foi enlatado. Ou empacotado. Nós não ficamos muito pra trás. Vivemos numa grande lata de conserva sentimental. Nossas frustrações são em pó e nossos salários são solúveis. E, com isso, nem nos damos conta da supremacia da lata. Entramos na onda.

No começo eu passava o café toda manhã. Hoje tomo Café Soluvel Granulado. Mais fácil. À principio, cortava tomate na hora do almoço. Agora busco os tomates cereja. Sabor e saúde ao alcance da mão. Mesmo o brócoli, a expressão mais pura da naturalidade, vem cortado em um bandeja, ao lado de sua amiga couve flor. Marx bem disse que somos alienados do produto de nosso trabalho. Agora, até mesmo do produto gastronômico somos alienados.

Essa semana, por exemplo, quis tomar sopa. Comprei um belo pacote rechado de sopa em pó. O sabor frango desfiado com requeijão, como era de se esperar, muito me apeteceu. Em nenhum momento me questionei qual o princípio fisico-quimico que produz frango desfiado em pó. Em nenhum momento! Só fui me dar conta do absurdo dessa preposição quando, na sopa,encontrei 3 fiapos que lembravam frango desfiado e tinham o tamanho de uma bactéria. Fui alienada do meu frango desfiado. Nesse momento, pensei seriamente em escrever um manifesto do Partido Gastronômico. Mas não me creio apta.

Segui, portanto, o estudo. Descobri, finalmente, que maçãs pequenas e empacotadas tem gosto amargo. As cenouras descascadas e enfileiradas estragam mais rápido. Se isso acontece com as frutas e legumes, o que será que acontece conosco?

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Por que o amo

1) Gosta de alho
Gostar de alho é um pré-requisito essencial. Explico porque: Alho é o melhor tempero do mundo, essencial para qualquer prato. Sempre que houver disponibilidade de um prato com grande quantidade de alho, estarei consumindo-o. Pessoas que não gostam de alho, não consomem-no. Pessoas que não consumiram alho, cosideram que pessoas como eu estão com bafo. Dito isto, come alho é essencial.
2) É subnutrido
Pessoas subnutridas são companhia perfeita para pessoas como eu. Pessoas subnutridas nunca consomem suas porções de alimento até o fim. Sendo assim, oferecem suas sobras para a pessoa sobrenutrida mais próxima, no caso eu.
3) Tem sobrinhos
Marina, em sua origem, significa "que vem do mar" e "maternal". Marina Feldman não foge das origens e é extremamente maternal. Marina Feldman não deseja ter filhos tão cedo. Marina Feldman gostaria de ter sobrinhos, mas seus irmão não estão interessados em presentea-la. Dessa forma, ela empresta os sobrinhos do outros para seu deleite.
4) Estuda medicina
Seres hipocondriacos necessitam de acompanhamento médico costante. Seres hipocondiacos precisam ter sempre alguém que finja que acredita na sua doença e forneça o devido tratamento, ainda que seja somente um copo de Gatorade.
5) Tem paciência de Jó
O convivio comigo exige paciencia. Dispensa explicações.
6) É idish
Homens idish facilitam o convivio com as idishe mames de plantão. Assim que ele vaiao banheiro, elas pergunta "Ele é idish?" e eu respiro aliviada.
7) Não perturba
Marina Feldman é um ser inflamável. Estando ciente disso, um bom acompanhante deve saber que, em determinados momentos, é proibido perturbar. É imprescndível, por exemplo não perturbar pela manhã.
8) Não gosta de brigas
Eu gosto de brigas. Se me juntassem com alguem briguento, o resultado seria uma bomba atômica.
9) É louco
Pessoas loucas convivem mais facilmento com pessoas loucas. Por isso hospicios são lugares tão agradaveis.
10) Entende ironias
Qualquer pessoa que lesse uma declaração absurda como essa se sentiria mal amado. Ele não.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Cansei de falar de mim...

Ele é um ator. A cada segundo encarna um novo personagem. Não, não confuda isso com falsidade. Ele se molda de acordo com as cricunstâncias, ele faz isso muito bem.
Quem não conhece acha ele tímido. Já ouvi dizerem que ele é cuzão. Antipático, não comprimenta. Mas o fato é que ele está atuando. Não pode deixar que todos vejam o que ele tem por dentro. A personalidade dele vai fundo, mas ele não quer que ninguém saiba.
Ah, mas quando ele sobre no palco... Quando ele sobe no palco não tem que segure. Não tem quem diga que ele é tímido. Sei bem que nos minutos anteriores ao espetáculo ele roi as unhas, fuma um maço inteiro de cigarros e treme. Mas quando pisa no palco é a mais pura expressão da confiança. Dança, atua e até canta. Ele acha mesmo que sabe cantar. Coitado, não sabe. Mas canta com gosto. Aliás, quando ele não está no personagem do cara tímido, faz tudo com muito gosto. Vive como se não houvesse amanhã. Ele não consegue planejar o futuro. Ele sonha, divaga, mas não planeja. Ele não sabe se planejar. Ele é desorganizado, distraido. Acho que isso é porque ele não quer se preocupar com coisas pequenas. Ele quer escalar montanhas grandes de mais para ficar se preocupando com as pedrinhas do caminho. Talvez seja mesmo um irresponsável. Talvez seja um sonhador bobo. Ou talvez ele tenha percebido algo que ainda não percebemos.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Eu podia...

Eu podia estar escrevendo poesias numa cabana no topo do himalaia. Podia estar pintando quadro na tayelet, em Jerusalém. Podia estar fazendo viagens de bicileta no nordeste do Brasil. Podia estar fazendo uma matéria como correspondente da globo em Nova Iorque. Podia estar estudando fotografia no Betzalel. Eu podia estar estudando sociologia em Salamanca. Eu podia estar fazendo dinheiro como temporária nos Estados Unidos. Podia estar mochilando pela Europa. Mais simples que isso, podia estar em casa escrevendo um livro de contos. Podia estar na Vila Pantanal educando crianças. Podia estar plantando árvores.
Mas não. Estou aqui imprimindo, grampeando, dobrando, envelopando e etiquetando 615 inofrmativos. Isso que é realização de vida!

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Esse blog está precisando de um pouco de bom humor...

Mas estou com dor de barriga e sem inspiração, não consigo!

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Nunca disse que eu era má. Só sou fraca.

Penso mas não falo. Sinto mas não expresso. Acredito mas não realizo. Teorizo mas não pratico. Espero dos outros mas não atendo expectativas. Rezo mas não acredito. Tenho medos mas não os encaro. Tenho vontade mas não faço nada. Tenho força mas não a uso. Tenho ideias mas não concretizo. Reflito mas não concluo. Procuro a mim mesma mas não acho. Reclamo mas não mudo. Escrevo matérias mas não leio jornal. Escrevo desabafos mas não mostro pra ninguém. Escrevo textos para mim mesma mas não esqueço que alguém vai ler.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

EU

Eu sou uma eterna insatisfeita. Quando tenho calma quero amor. Quando tenho amor quero chocolate. Quando tenho chocolate quero algo em que acredite. Quando acho algo em que acredito quero simplesmente viver sem pensar.
Eu vejo cores em tudo, tudo. Eu acho o mundo tão bonito. Até mesmo a melancolia do mundo é bonita. Mas nem por isso deixo de ser uma pseudo-intelectual-metida-a-revolucionária-feminista-e-crítica. Tenho opiniões sobre tudo. Minhas opiniões mudam sempre e muito. Às vezes eu não tenho idéia do que penso sobre algo. Mas sempre tenho algo pra falar. E falo. Falo, falo, falo. Gosto de ouvir, também. Gosto de conhecer as pessoas. Não assim, oi - tchau. Gosto mesmo é de entender a essência de alguém e sentir por esse alguém algo verdadeiro. Eu amo, amo muito. Amo muita gente. Às vezes tenho medo de admitir isso. Às vezes falo, pra não perder o costume, mas não estou falando o que realmente gostaria. Tem horas que eu queria só falar o que estou sentindo. Não consigo. Sou difícil, sou fechada.
Queria mesmo era superar minhas interioridades e ir para um próximo passo. Não queria passar meus dias pensando nos meus problemas. Queria mesmo era mudar o mundo. Sempre quis. Aprendi com o papai e a mamãe que as coisas não estão certas do jeito que estão. O papai e a mamãe me ensinaram muitas coisas. Me ensinaram a ser crítica e até hoje se arrependem. É por causa deles que eu falo alto. É por causa deles que eu falo muito. É por causa deles que eu trabalho muito. Eu trabalho muito e ganho pouco. Eu trabalho porque sou orgulhosa e quero me sustentar. E eu gosto de estar sempre me mexendo. De fato estou sempre me mexendo. Tem dias que não sobra tempo pra dormir. Tenho olheiras. Tenho sono atrasado. Tenho torcicolo. Mas sou feliz.
Às vezes estou feliz mas começo a pensar. Penso muito, muito e dou um nó na minha cabeça. Fico com insônia. Só consigo dormir depois que escrevo. Meu bloquinho é um bom amigo. Tenho outros bons amigos. Gosto deles. Gosto de abraçar pessoas. É bom sentir quem você gosta pertinho de você. Tem amigos que foram especialmente projetados para serem abraçados. Eu gostaria de ser uma amiga assim. Gosto de ser abraçada. Tem horas que só um abraço resolve meus problemas. Tem horas que fico sozinha mas queria estar sendo abraçada.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Perguntas

"e se alguém distante um dia te perguntasse:
qual é o som de sua voz?
quais são seus "passatempos"?
vc coleciona borboletas?

o que vc diria?"

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

POESIA

Eu queria escrever poesia. Ai, como queria. E minha cabeça fervilha de versos. Em tudo vejo poesia. O mundo é poesia. Tudo, tudo, tudo mesmo. Mas no papel, nada flui. Tudo vira história, texto, contexto histórico. Tudo vira retórica. Quero escrever uma poesia, não uma tese. Quando eu era pequena escrevia poesias. No meu quarto, escondida, quando estava triste ou brigava com a minha mãe. Escrevi mesmo poesias de amor. Eu que nem sabia o que era o amor. E agora cresci, li, estudei, aprendi a amar (será?). Mas desaprendi a escrever poesia. Esfriei. Será que foram meus sonhos que se desmontaram, quando bateram de frente com a realidade? Será que o mundo real levou meu dom pra poesia? Agora não sei mais voar, antes eu sabia.

sábado, 8 de agosto de 2009

"Com tanta coisa junta, como é que eu vou dizer aonde dói?"

Tenho medo de armas. Tenho medo de palhaços. Tenho medo de magoar uma pessoa fundo. Tenho medo de perder alguém. Tenho medo de me perder. Medo de perder o controle. Perder o rumo. Tenho medo de nunca descobrir meu rumo. Medo de não descobrir o sentido da minha vida. Tenho medo de estar sozinha em casa a noite. Tenho medo de ficar sozinha. Solitária. Tenho medo de aranha. Medo de ver alguém sangrando. Medo de matar alguém. Tenho medo do futuro da humanidade. Medo de não fazer a diferença. Medo de não mudar o mundo. Tenho medo de amar quem não me ama. Medo de tropeçar no palco. Tenho medo de não fazer bem o que eu faço. Medo de perder a coragem. Medo de ser um lixo. Tenho medo de ver alguem sofrer. Tenho medo de dor. Dor de alma. Tenho muito medo.

Porque o pior medo, é o medo de admitir os próprios medos.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Manual de Instruções de Marina Feldman

Devido a certo problemas no manuseio do produto "Marina Feldman", o fabricante está iniciando a confecção de um manual de instruções. Para iniciar este processo, resolvemos selecionar as peguntas mais frequente enviadas para o nosso SAC. Constatamos que cada uma dela é perguntada cerca de 3 vezes ao dia e, normalmente, após que a resposta já esteja afirmada e clara.

PERGUNTAS FREQUENTES:

“Você é Judia?”
Sim eu sou judia. Não eu não quero dominar o mundo. Não eu não uso burka. Eu como porco e ando de carro no sábado.

“Você tem 3 empregos?”
Sim eu tenho três empregos. Eu dou aulas de dança, aulas de inglês e sou assessora/secretária/estágiaria da Federação Israelita do Paraná.

“Quantos anos você tem?”
Eu tenho 19 anos. Não tenho 15 como minha aparência demosntra, nem 26 como meu estilo de vida demostra.

“Você morou em Israel?”
Sim, morei em Israel. Não, eu não lutei na guerra, não perdi uma perna em uma mina terrestre nem vi bombas explodirem. Sim, é difente, exótico, bacana e estranho. Já ouvi isso tudo e sei que provavelmente a sua próxima pergunta será:
"O que você foi fazer lá?"
Não é da sua conta!

“Dói?” (Apontando pro piercing ou pra tatuagem)
Todo mundo sabe que furar uma parte do seu corpo ou desenhar nele com uma agulha dói. Mas se fosse insuportável ninguem faria.

“Que linda sua tatuagem, o que é?”
Não é um palhacinho. Não é um rabino. Não é a sua mãe pelada. É o pequeno príncipe. E se voicê não sabia o que era, disse que era bonita com base em quê?

“Você ta morando sozinha?”
Sim, meus pais foram pra vitória, meus irmaos pra são paulo, fui abandonada, sou uma pobre coitada, pago minhas contas e (não) cuido da minha casa. Na verdade moro com um amigo.
"Um amiga?"
Não, amigo.
“Você mora com uma amigO???????”
Sim.
"AmigOOOO?"
Sim.
"Você namoram?"
Não!
"Ah, então vocês são casados?"
Não!
"Ah, mas então vocês se pegam de vez em quando?"
Não, amigo! Amigo!
"Ahhhh, que diferente!"

quarta-feira, 22 de julho de 2009

O mundo está ao contrário e ninguém reparou

  Estava eu em mais um dia de trabalho árduo, quando, em minha inocência, mandei alguns arquivos para impressão.
  O primeiro deles era de um site. Qual não é a minha surpresa quando vou buscar o texto na impressora e ele está ao contrario. Tentei limpar os óculos, mas tô de lente, esfreguei os olhos, virei a folha pra todos os lados possíveis. Mas não. Não era impressão minha, era da impressora mesmo. Pensei: "Bom, é coisa desse site que eu entrei". E a impressora disse baixinho: "Não perdes por esperar, ignóbil garota". Mas eu já estava no caminho pra minha sala e não ouvi. Aí desisti daquele site e fui mandar um arquivo do Word pra impressão. Qual não é o meu choque quando vejo que está ao contrario de novo. Repito o procedimento de conferência, pra ver se não sou eu que estou louca. Mas não. Tento um outro arquivo, me iludo. Mas nada adianta. A impressora está decidida a me enlouquecer.
  Então eu desligo-a. Aguardo. Ligo novamente.
  Tento mandar imprimir outro arquivo. Ela simplesmente não imprime.
  Pensei em fazer uma nova tentativa, talvez ela estivesse em processo de ligar, se esquentar. Talvez agora funcione. Mas eu estou sozinha no escritório. Tenho medo que ela lance uma folha voadora e cortante direto no meu pescoço.
  Ela pode fazer parte da rebelião das máquinas, vai saber?


POST SCRIPTUM
Estejam atentos porque, se acontecer algo comigo, vou me arrastar até aqui e pedir socorro. Aliás, isso é bem possível. Depois que terminei de escrever fui lá e ela quase me mordeu, sorte que sou rápida!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Nice Jewish Girls Gone Bad


  "Nice Jewish Girls Gone Bad" is a night of comedy, music and burlesque, told by the gals who learned to smoke at Hebrew School, got drunk at their Bat-Mitzvahs and would rather have more schtuppa than the chupah. These badass chosen chicks boldly dare to deconstruct years of tradition, expectations and guilt in a fast-paced vaudeville extravaganza, complete with kick lines, punch lines and a rendition of "L'chaim" with a fist in the mouth. This ain't yo' mama's "Fiddler".
  "Nice Jewish Girls Gone Bad" features a stellar line up of comedians, musicians, spoken word artists and burlesque performers who have been featured on Comedy Central, HBO and MTV. This show has been wowing sold-out crowds in NYC, Philadelphia, Boston, DC, Pittsburgh, Chicago, Madison, Detroit, Montreal, Burlington, Provincetown, the Berkshires, the Hamptons and of course the Catskills.



quarta-feira, 1 de julho de 2009

Jardinagem Libertária dá nova cara às intervenções urbanas

Grupo que planta árvores e ocupa canteiros obsoletos com jardins tenta mostrar que intervenção urbana vai além de pichação

  Com as pichações e grafites já estamos acostumados. Os lambe-lambes, pôsteres artísticos colados em espaços públicos, também não nos são estranhos. Mas o uso da jardinagem para intervir no ambiente urbano é novidade para a grande maioria. O movimento conhecido no mundo como “Jardinagem de Guerrilha” já existe desde 1973, mas está se popularizando nos últimos anos, atuando em Curitiba com o nome de “Jardinagem Libertária”. A jardinagem consiste basicamente no plantio de arvores e jardins e na distribuição de mudas. Um dos principais objetivos é conscientizar a população da importância de termos uma postura ativa em relação ao ambiente que nos cerca. A iniciativa é do grupo Interlux, responsável também por diversas outras atividades envolvendo arte, meio-ambiente e política.

  Segundo Jorge Brand, membro do Interlux, o grupo surgiu em 2002 com a proposta de trabalhar as artes tendo como foco a cidade. Hoje em dia conta com 10 dez membros e atua em diferentes áreas. Participam de eventos como a bicicletada, organizam palestras, colam lambe-lambes com mensagens políticas e plantam árvores e jardins. Foram responsáveis, também, pela primeira ciclo-faixa de Curitiba. Essa iniciativa, porem, foi frustrada, pois não havia autorização da prefeiturao governo. A pintura da ciclo-faixa na Rua Augusto Stresser foi considerada crime ambiental e alguns membros do grupo foram processados. Ainda assim, o grupo segue suas atividades que, para Brand tem um objetivo que vai além da arte. “Não é possível enquadrar as ações em uma coisa só. O grupo tem um caráter artístico, mas também
é uma forma de contestação e provocação”, afirma.

  Grande parte das iniciativas do Interlux se enquadra no conceito de intervenção urbana. Esse conceito, porém, é bastante amplo. Segundo o site http://www.intervencaourbana.org/, “Intervenção Urbana é o termo utilizado para designar os movimentos artísticos relacionados às intervenções visuais realizadas em espaços públicos”. Dessa forma, as intervenções urbanas incluem trabalhos de cunhos muito variados. “O cara que vai lá e picha o teatro Guairaá com a palavra ‘nerd’ é colocado no mesmo lugar que nós que fazemos um trecho experimental da ciclo-faixa no Dia Mundial Sem Carro”, afirma André Mendes, outro membro do grupo Interlux. Para ele, a pichação, além de destruir prédios históricos e poluir a cidade, denigre a imagem das intervenções urbanas. Mendes acredita cada intervenção deve ser analisada no seu contexto. “Não é só porque um desenho está na rua e não no museu que ele deixa de ser arte”, defende.

E a legalidade?


  Para Elisabeth Prosser, professora de história da arte e especialista em meio ambiente urbano, a questão da legalidade é algo muito sério. “A lei é feita por uma pequena fatia da sociedade que quer que a cidade esteja de uma determinada maneira. Porém, a cidade é muito maior que essa fatia”, afirma. Segundo Elisabeth, cabe analisar a questão de outros pontos de vista que não o da lei. “Muitos grafiteiros são presos e colocados na mesma cela que assassinos, traficantes e estupradores, são torturados e maltratados”. Segundo ela a legislação deveria ser revista. “Devemos perceber que todas as intervenções urbanas têm uma razão, mesmo que seja uma simples rabisco”, acrescenta.

  Em relação ao grupo Interlux, Elisabeth afirma que é um grupo de artistas que usa a rua para fazer uma conscientização com a sociedade. “Eles plantam nos canteiros públicos e preferencialmente árvores frutíferas, o que é uma iniciativa genial”. Entretanto, coloca Elisabeth, eles acabam ficando na fronteira que separa a legalidade da ilegalidade. “Plantar em canteiros públicos, apesar de ser uma iniciativa política, social e ecologicamente correta em todos os sentidos, ainda é considerada crime”, lembra Elisabeth.
  Para Jorge Brand, devemos lembrar que a rua é um espaço público e criar uma relação ativa com ele só pode ser algo positivo. “A arte urbana tem como objetivo chamar a atenção. As pessoas estão tão treinadas a ver as coisas só de um jeito e o artista tem a capacidade de reajustar as coisas e gerar um novo olhar”, afirma Brand. Para ele, temos que ver a rua como um espaço de convivência e diálogo, ao invés de nos fecharmos, como vem acontecendo com a sociedade como um todo. André Mendes concorda com o colega e afirma que quanto maiores as cidades, mais as pessoas se tornam anônimas e fechadas. “As pessoas mal se olham na rua”, afirma. Para ele, o objetivo da intervenção urbana é fazer olhar de uma forma diferente para algo que você vê sempre mas não se dá conta. “Queremos que as pessoas tenham uma relação com a cidade como se ela fosse o seu quintal, que cuidem da sua rua”, conclui.

[Matéria produzida para uma disciplina da faculdade de Jornalismo]

domingo, 28 de junho de 2009

Eu e a pró-atividade.

  Hoje eu não quero falar de política. Não quero falar de Oriente Médio e nem de consumismo. Hoje, o tema que está me intrigando é a pró-atividade. Não sei dizer se é ignorância, se é burrice ou falta de leitura, mas até alguns meses atrás eu não sabia o que significava pró-atividade. Pra ser sincera, nem sabia que essa palavra existia. Ela entrou no meu vocabulário num belo dia em que fui fazer uma entrevista de emprego.
  “Mudamos a filosofia da nossa instituição e agora nossa postura é defensiva e pró-ativa”, disse o meu futuro chefe. Eu só balancei a cabeça como quem entendeu e concordou - típico de pseudo-intelectuais como eu - e guardei aquilo no meu inconsciente. Pró-atividade ainda não significava nada para mim, nem era uma preocupação na minha mente. Comecei a trabalhar e toda reunião ouvia meus chefes falando que tínhamos que agir assim-ou-assado e seguir a postura pró-ativa, que tanto apregoamos. Comecei a me preocupar. Será que eu sou a única que não sabe o que é ser pró-ativa?
  Porém, o começo da crise existencial propriamente dita foi quando meu chefe me elogiou. Ele disse que eu era muito eficiente e pró-ativa. Minha pró-atividade foi tão apreciada pela chefia que ganhei um aumento. Mas por quê? POR QUÊ? O que eu fiz? O que eu fiz pra merecer o título de “funcionária pró-ativa”?
  A crise bateu forte. Eu fazia piadas com o tema, meus amigos riam. Mas por dentro eu estava atormentada. Certo dia recebi um e-mail de uma amiga, enviado para um grupos de discussão. Ela tem 18 anos e não é uma executiva. É uma menina delicadinha de voz fina e boa índole. E ela disse a todos que naquela situação estava nos faltando atitude, pró-atividade e vontade. Nesse ponto foi o colapso. Meus amigos já aderiram à pró-atividade e eu não sei o que é.
  Aí pensei: se a pró-atividade está assim na boca do povo, deve estar no Google. Deve ser um verbete da Wikipédia. E fui na minha barrinha do Google e escrevi. Escrevi a palavra. E apareceram aproximadamente 2.030.000 resultados em 0,42 segundo. Estava fácil. Eu fiquei a um click da tão almejada resposta. De repente me bateu um nervosismo. Tive medo do que poderia ler. E se eu descubro que ser pró-ativa é contra os meus princípios? E se eu vendi minha alma ao diabo quando me tornei uma funcionaria pró-ativa.?Tive medo. Não clickei. Preferi não saber. Prefiro seguir fazendo meu trabalho na mais cega pró-atividade. Pelo menos estou em paz. Ou não.